Sinopse:
Mary
Grace Winters sabia que a única forma de ela e o filho escaparem ao
marido, um agente da polícia que os maltratava, passava pela simulação
das suas mortes. Agora, tudo o que resta da sua antiga vida jaz no fundo
do lago... Com uma nova identidade, numa nova cidade, encontrou um
refúgio a centenas de quilómetros de distância. Quase se esqueceu do
pesadelo vivido há nove anos. Até resolveu tentar a sua sorte no amor
com Max Hunter, um homem que também carrega as suas próprias feridas.
Contudo, o marido descobre-os e, pouco a pouco, o perigo aproxima-se e
ameaça tudo e todos.
Aterrador,
será o termo mais apropriado para caracterizar este livro, o que,
dentro deste genéro literário, acaba por ser um elogio.
Sou
fã desta autora, cuja escrita consegue prender do inicio ao fim. É
praticamente impossível pararmos. Deixa-nos presos, alheios a tudo o
resto que não seja o enredo.
Em
todos os seus livros, sinto o medo, o pânico de cada personagem, que
cresce em cada parágrafo. Mas, este particular, tirou-me o sono, por
assim dizer. Temos medo de assassinos em série, violadores, porém, por
vezes, o perigo, mora debaixo do nosso tecto. Deita-se todas as noites
na nossa cama. Qual lobo vestido de cordeiro, diz ser da nossa confiança
fazendo com que lhe entrguemos a nossa alma, o nosso coração. No fim,
acabamos por ter receio da nossa casa. Esperamos não fazer nada que lhe
desagrade, não vá ele voltar a demonstrar que o seu cabedal não é só
para fazer feitio. Temos medo que o jantar fique insoso, mas também não
queremos que fique salgado. Tentamos a todo o custo, saber o que lhe vai
no pensamento, antecipar as suas acções, ao mesmo tempo que tentamos
proteger o nosso coiro, mas acima de tudo o coiro dos nossos filhos.
Acima
de tudo, considero Mary Grace um exemplo de mulher que conseguiu deixar
o montro a que chamava marido. Um exemplo, que deveria ser seguido por
todas aquelas, em cujo lar vive o seu carrasco. Levando-nos ao mais
extremo da violência doméstica, Karen Rose apresenta-nos Rob, um monstro
em forma de homem, para o qual o único propósito da mulher é manter a
casa limpa, cozinhar, lavar e tratar a roupa e cumprir os deveres
matrimoniais. Mesmo que não os queira. Caso falhe alguma destas coisas, o
mais certo é voltar ao hospital com mais alguma costela quebrada. Ou
talvez uma perna. Mas, certamente, bem marcada. No entanto, e como era
um homem, precavido, ou não fosse polícia, se a esposa,
obedientemente, cumprisse todos os seus afazeres, ele encarregar-se-ia
de apanhar uma valente bebedeira para assim poder espancá-la, sem motivo
aparente.
No meio disto
tudo, temos o pequeno Robbie, filho desta relação hedionda, cuja pele
Mary Grace se esforça constantemente por proteger. Nem sempre o
consegue.
Não deixem de o ler, asseguro-vos que não vos vão faltar suores frios!!